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Homenagem a Theon Spanudis

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O Centro Documentação e Memória (CDM) tem como função preservar a história da SBPSP, mantendo viva sua memória e possibilitando estudos e pesquisas valiosos para a formação de psicanalistas. A proposta é mergulhar nas nossas origens para trazê-las de volta ao presente, revitalizadas. Trata-se de um acervo dinâmico. 

Um pequeno grupo de psicanalistas reunido em torno do Dr. Durval Marcondes representou o embrião da futura Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Este pequeno grupo inaugural foi formado por Adelheid Koch, Darcy de Mendonça Uchôa, Durval Marcondes, Flavio Rodrigues Dias, Frank Phillips, Theon Spanudis e Virgínia Leone Bicudo. Logo juntaram-se ao grupo Lygia Alcântara do Amaral e Judith Andreucci. 

São nossos pioneiros que não pouparam esforços para que a ‘jovem ciência’ florescesse em nosso meio. Cada um deles, a seu modo e de acordo com suas possibilidades, trouxe contribuições valiosas para a divulgação das ideias psicanalíticas, por meio de aulas, cursos em faculdades, entrevistas a jornais, programas de rádio, artigos, trabalhos em instituições psiquiátricas, palestras etc.

Além de tornar acessível aos leigos o que era a Psicanálise, foi necessário conquistar  a credibilidade científica, na busca por um espaço institucional próprio e respeitado.

Este grupo não soçobrou diante de todas as dificuldades pelas quais passou, uma vez que as ideias psicanalíticas foram vítimas de fortes oposições na época. Mantiveram seu amor e dedicação à Psicanálise com a esperança de que ela pudesse se desenvolver e expandir. Decidimos homenagear este grupo inicial, publicando pequena biografia de cada integrante, na data de seu nascimento. 

Hoje é dia de homenagear Theon Spanudis, que nasceu em 30 de maio de 1915 e foi crítico de arte, médico e psicanalista. Nascido em Esmirna, na Turquia, emigrou para Viena, onde fez formação psicanalítica com August Aichhorn e depois com Otto Fleischmann, a partir de 1933. Foi membro efetivo da Associação Psicanalítica de Viena (1946). Em 1950 veio para São Paulo, a convite da Sociedade Brasileira de Psicanálise, na qual lecionou até 1957. 

Logo frequentava ateliês de pintores, sendo dos primeiros, nos anos 1950, a apoiar e colecionar obras de Alfredo Volpi e de José António da Silva. Também escreveu sobre os dois artistas e iniciou uma importante coleção de obras de arte. Em 1957, decidido a dedicar-se à produção poética e crítica de arte, desligou-se da SBPSP: passou um ano em Salvador, onde escreveu suas primeiras poesias em português. Participou do movimento neoconcreto e foi um dos criadores da poesia cinética brasileira. Publicou três volumes de poesia: Poética (1975), Novos poemas (1978) e Uns versos (1984). Publicou suas obras completas, Apanta, composta de 4 volumes, em grego e alemão.

A revista Ide de 1976 traz algumas das ideias de Spanudis revelando sua sensibilidade: “Para Spanudis, a atividade poética é um sacrifício ou, como dizia Rilke, uma missão, o sentimento de que algo inefável da experiência, algo do indivíduo; o artesanato da poesia”.

Para completar nossa homenagem, segue a dedicatória feita por ele em seu livro Poética:

“Ao povo brasileiro, cujas religiões dançantes e pagãs (dos afro-brasileiros e ameríndios) me proporcionaram algo de alegria metafísica da Grécia antiga pátria de meus antecedentes, e cujo sangue pagão em minhas veias reacendeu-se no contato com o paganismo vibrante, festivo e sincrético do povo brasileiro.”

Sua vinda para São Paulo foi de fundamental importância para que a Sociedade Brasileira de Psicanálise, que até então contava só com a presença de um analista didata, a saber Dra. Adelheid Koch, pudesse receber ajuda de mais um integrante.

Theon Spanudis faleceu em 1986.

 

Fonte: Centro de Documentação e Memória (CDM/SBPSP)

Colaboração: Regina Lacorte Gianesi membro associado da SBPSP, historiadora, psicanalista e coordenadora do CDM/SBPSP.  



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